segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Terminei o livro de Clarice.
E só posso descrevê-lo como: perfeito. Como tudo que ela escreve...
"Crônicas" "simples"... (que de acordo com ela, não são exatamente crônicas..rs) e que obviamente pra quem está lendo não são simples... são assuntos simples, cotidianos,
- assuntos para jovens, mas a maioria de difícil compreensão...
Enfim, quem conhece Clarice sabe como ela é.. HAHA*






Aqui um trechinho de um dos textos, meio que fragmentado:
D


O grito


Sei que o que escrevo aqui não se pode chamar de crônica nem de coluna nem de artigo. Mas sei que hoje é um grito. Um grito! de cansaço. Estou cansada! É óbvio que o meu amor pelo mundo nunca impediu guerras e mortes. Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lágrimas de sangue. Nem impediu separações mortais. Filhos dão muita alegria. Mas também tenho dores de parto todos os dias. O mundo falhou para mim, eu falhei para o mundo. Portanto não quero mais amar. O que me resta?
Viver automaticamente até que a morte natural chegue. Mas sei que não posso viver automaticamente: preciso de amparo e é do amparo do amor.
Eu tenho recebido amor.
(...)
Voltando ao meu cansaço, estou cansada de tanta gente me achar simpática. Quero os que me acham antipática porque esses eu tenho afinidade: tenho profunda antipatia por mim.
O que farei de mim? Quase nada. Não vou escrever mais livros. Porque se escrevesse diria minhas verdades tão duras que seriam difíceis de serem suportadas por mim e pelos outros. Há
um limite de se ser. Já cheguei a esse limite.


Clarice Lispector


ok, ok Cara. adorei esse final. =DD

Um comentário:

 

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